Vestígios de uma experiência

Construindo sudários

A representação da morte nesse projeto é dividida em três tempos, que por sua vez, simbolizam três espaços determinados por escala. O tempo passado, que pressupõe o tempo histórico e é definido visualmente pelas máscaras de escala reduzida a aludir as fotografias 3x4 dos documentos, são os arquivos que necessitam de um olhar atencioso. O tempo futuro que pressupões o devir intangível e é definido pela macro escala que estabelece uma relação de mistério como das entidades transcendidas, fantasmagóricas e por isso o uso das transparências – o ver através. Já a escala real, a escala do presente, aqui e agora, se faz pela alusão ao espelho, ao reflexo, ao sudário – vestígios em que os olhares são fugidios. As máscaras (sudários) são impregnadas em tecidos (linho) a partir de um processo fotográfico histórico, o Marrom VanDyke*. Além das máscaras construídas para as ações expositivas, essa prática é também as bases de uma oficina de fotografia – Nesse caso, feito por participantes da experiência imersiva onde cada um trabalha com sua própria representação mortuária em escala real.

* “Patenteado em 1895, por Arndt & Troost, o processo de impressão conhecido hoje como Marrom VanDyke (MVD), combina a ação de sais de ferro e prata para a obtenção da solução fotossensível. O nome Marrom VanDyke se deve por conta da tonalidade marrom obtida, muito semelhante àquela encontrada nos quadros do pintor flamengo do século XVII, Anton Van Dyke. Processos de impressão que combinam ferro e prata, não chegaram a ser uma novidade na época do pedido de patente. Esses processos têm origem em outro bem mais antigo, desenvolvido por Herschel (para variar um pouco) ainda na primeira metade do século XIX, a “argentotipia”. As impressões feitas com os sais de ferro e prata, podem ser divididas em dois processos bem distintos; não só pela química envolvida, mas também, e principalmente, pela escala de monocromática obtida. O Marrom VanDyke, como o próprio nome já indica, gera uma imagem na escala do marrom pela combinação do citrato férrico amoniacal com o nitrato de prata”.