JUNHO, 2013

MÁSCARAS IMPERMANENTES

Projeto que nascera em 2015 sob a forma de uma monografia de pós-graduação no SENAC-SP LAPA, se materializou em uma exposição no mesmo ano, como parte integrante da XII Bienal Internacional de Artes de Havana – Colateral – 2015, ganhou corpo e se consolidou em diferentes ações junto a inusitados espaços expositivos (Portfólio em foco - Paraty em foco, Interfoto Itu, Foto em Pauta Tiradentes, Festival Hercule Florence, Foto_Invasão - Red Bull Station, dentre outros), em uma proposição de diálogos polifônicos entre novos vetores. Usando a morte como metáfora às perdas perceptivas que o mundo contemporâneo nos impõe e a fotografia como linguagem de interlocução, o projeto “Máscaras Impermanentes” propõe uma experiência estética imersiva que começa na captação das imagens, e pela proposta de ação expositiva, quando o espaço se reconfigura e uma nova imersão é proposta aos espectadores.

A experimentação das “máscaras impermanentes”, que consiste dentre outras coisas, na construção de máscaras mortuárias de pessoas vivas, se efetiva na colocação do espectador em contato com a representação da morte e faz um contraponto ao papel da fotografia e sua falsa noção de objetividade. A afirmação e a presentificação da vida nessa obra, se dá pela experiência sensorial com a fotografia de uma forma expandida, tanto em seu processo de captação quanto nas diferentes adaptações e ações expositivas.

A fotografia não se restringe à bidimensionalidade de suas representações, ela começa em algum ponto aquém de um clique, perpassa pelos entrelaçamentos com os espaços perceptivos, pela historicidade intrínseca, pelas possibilidades dos processos técnicos, estende-se para além de sua exposição e talvez tenha esmorecido na falsa noção de objetividade de seus processos. A proposta das “Máscaras impermanentes”, se delineia pela busca dessa fotografia, pelo resgate do fascínio que se perdera e pela conciliação entre o sensível humano com as possibilidades que a fotografia oferece enquanto linguagem e como, ao mesmo tempo, pode trafegar ao estabelecer novos diálogos.

As máscaras se apresentam como uma ocupação sensorial, que parte de uma experiência estética, imersiva, a questionar e fomentar pelas próprias contradições, relações que saem do senso comum e se materializem como um convite à reflexão. Em termos práticos, a ocupação se fragmenta em propostas interativas, conectadas umas às outras, porém independentes e são abertas a todo e qualquer público.

Às Máscaras

“Outrora outorgavam a existência e perpetuavam a permanência, suplantavam e burlavam a morte como vestígios de legados pontuados por representações da existência do duplo humano, que do corpo transcendiam. Relicários imagéticos estimulavam o acúmulo da ausência, transfigurados em presença. Mas o palimpsesto moderno tratou de transformar tudo em contradições e volatizou os vestígios em liquefação de culturas efêmeras, que não mais deram conta de definir-nos, quiçá em deixar algum tipo de recordação. Somos nossos próprios vestígios a vagar por avatares impermanentes que nos vestem superficialmente com uma tênue pele cultural em constante transformação. Efemérides em busca de significação”.

Eis algumas das máscaras produzias, hoje o projeto conta com mais de 300 registros, ou seja, mais de 300 pessoas se dispuseram a participar da experiência imersiva e ter seu despertar em forma de uma máscara mortuária.